Porto Seguro: A delegada Elizabeth Salvadeu pediu à Justiça, nesta sexta-feira (25), a prisão preventiva do comerciante Alan Cerqueira, 30 anos. Dono de uma pizzaria no distrito de Arraial d’Ajuda, em Porto Seguro, ele foi flagrado espancando a mulher. A titular da Delegacia da Mulher (Deam) pediu ainda que a Justiça conceda uma medida protetiva para a vítima, Beatriz Aragão, 25. Os pedidos foram encaminhados para 2ª Vara Crime de Porto Seguro e são analisados pela juíza titular Michele Quadros, que deve expedir uma decisão a qualquer momento.
A delegada informou que o inquérito está sendo concluído, com o indiciamento de Alan Cerqueira por violência física, psicológica e verbal, no contexto da Lei Maria da Penha. A polícia faz diligências desde a tarde de quinta-feira (24) – quando a denúncia veio a público por meio de um vídeo que a vítima postou em suas redes sociais -, mas ainda não conseguiu localizar o acusado.
AGRESSÕES ERAM DIÁRIAS – Beatriz, que é indígena da etnia Pataxó, passou por exame de corpo de delito, na manhã desta sexta, no Departamento de Polícia Técnica, em Porto Seguro. Em seguida, ela prestou depoimento na delegacia especializada.
A mulher declarou no depoimento que sofria agressões físicas, verbais e psicológicas quase que diariamente e há muito tempo. Em março do ano passado, ela chegou a registrar um boletim de ocorrência, mas não deu continuidade à denúncia, pois foi obrigada a reatar o relacionamento, uma vez que era ameaçada pelo marido, que se valia de sua condição financeira para mantê-la numa relação abusiva. A mulher contou que o marido a impedia de se manter em empregos e até de visitar familiares.
VÍTIMAS NÃO DEVEM SE CALAR – A delegada Elizabeth Salvadeu informou que o pedido de prisão de Alan tem uma simbologia, pois ocorre no Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres. A titular da Deam aproveitou a oportunidade para ressaltar que as mulheres vítimas de qualquer tipo de agressão não devem se calar. “Precisam denunciar. Não podem ter medo. Não podem ficar dentro desta violência. E existem várias formas de denunciar. Tem o disque-100 e o número 181, além do 190, da Polícia Militar. A mulher agredida pode também procurar qualquer delegacia, pois serão bem acolhidas”, alerta Salvadeu.
VÍDEO FOI GRAVADO MESES ANTES DA POSTAGEM – As agressões foram gravadas por um celular que Beatriz escondeu em cima de um móvel no quarto do casal, no distrito de Arraial d’Ajuda, em Porto Seguro. As imagens, que repercutiram em toda a Bahia não foram feitas na quinta-feira. A mulher contou que o registro aconteceu meses antes e que preferiu guardar o arquivo no próprio aparelho. No entanto, ao sofrer outra agressão e cansada de apanhar, criou coragem e resolveu fazer a publicação em sua rede social.
As imagens mostram que durante as agressões a filha do casal, de três anos, tentou proteger a mãe e acabou sendo prensada contra ela pelo marido. Ao tomar conhecimento da postagem, o homem chegou a quebrar o telefone da companheira, mas não conseguiu deletar o post, onde a mulher faz um relato desesperador.
Beatriz e Alan moravam juntos há mais de quatro anos. Ela tem outra filha, de sete anos, de um relacionamento anterior. O motivo das agressões, frisa a mulher, eram sempre os mesmos: ciúmes.
Fonte: Radar64