Moradores de Teixeira de Freitas, no extremo sul da Bahia, denunciam a escassez de medicamentos essenciais nas unidades de saúde do município. A falta de remédios tem afetado principalmente pacientes com doenças crônicas e em tratamento oncológico, gerando preocupação e indignação entre os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).
Entre os relatos mais graves está o de Maria dos Santos, de 67 anos, diagnosticada com câncer no início deste ano. “Fizemos todo o planejamento do tratamento, mas faltou o remédio principal e agora estou parada, sem saber se vou conseguir continuar. É desesperador”, lamenta.
A situação chegou a tal ponto que a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) acionou o Ministério Público Estadual, denunciando a Prefeitura por desassistência e cancelamento de atendimentos oncológicos sem justificativa adequada. Segundo o órgão estadual, pacientes estariam sendo encaminhados ao Hospital Estadual Costa das Baleias (HECB) sem qualquer coordenação entre as esferas de gestão.
Apesar de receber recursos superiores a R$ 58 milhões destinados à manutenção dos serviços de saúde, a Prefeitura é acusada de não cumprir acordos com outros 12 municípios da região. O resultado é uma sobrecarga no sistema e pacientes à mercê da própria sorte.
Em nota, a administração municipal nega a falta de medicamentos e afirma que os principais insumos – como antibióticos, insulina e broncodilatadores – estão disponíveis. A nota ainda atribui possíveis falhas a fornecedores que não cumpriram prazos contratuais.
A controvérsia se agravou após uma fiscalização realizada pela Câmara Municipal em março, que identificou medicamentos vencidos sendo usados na Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Em resposta, uma Comissão Técnica de Fiscalização foi instaurada para averiguar a situação nas demais unidades de saúde da cidade.
Enquanto o embate entre os governos municipal e estadual continua, a população segue sem acesso adequado à medicação. “Não é possível que, em 2025, a gente ainda tenha que escolher entre comer ou comprar um remédio que deveria estar na rede pública”, afirma o aposentado João Oliveira, 73 anos.
A crise expõe um problema estrutural da gestão da saúde pública e levanta o debate sobre responsabilidade, transparência e, sobretudo, o direito à vida.
Redação/PlantãoTeixeira