Lazer no Parque do Ibirapuera após a flexibilização do isolamento social durante a pandemia de covid-19.

Segundo uma ampla pesquisa feita pelo Observatório da Juventude na Ibero-América (OJI) da Fundação SM, em parceria com pesquisadores de universidades do Rio de Janeiro. A Pesquisa Juventudes no Brasil entrevistou pessoalmente 1.740 jovens, entre 15 e 29 anos, nas cinco regiões do Brasil.

Elaborada no segundo semestre de 2019, a pesquisa não pegou o período da pandemia, que mudou radicalmente a realidade dos jovens, por isso mesmo traz revelações preocupantes sobre atitudes que só devem ter piorado no isolamento.

O medo já marcava essa geração antes de enfrentar a pandemia, em especial a falta de segurança. 49% disseram sentir medo “quase o tempo todo” de ser assaltado no transporte, no caminho para casa ou trabalho. Mais existem outros medos marcantes.

O medo da destruição do meio ambiente foi citado por 47%, o de não ter trabalho no futuro afeta 40%, o de ser atingido por bala perdida está na mente de 37%, ficar endividado é medo de 34%, sofrer violência sexual de 29% e perder o atual emprego de 23%.

Corrupção incomoda

Perguntados sobre o que mais incomoda, a maioria não pensou duas vezes. A corrupção aparece como o maior incômodo para 62%. O quesito “racismo, machismo e outras formas de opressão” ficou em segundo com 57%; “a desigualdade entre ricos e pobres” e “acesso e qualidade da saúde” com 54% cada.

Apesar dos temas de incômodo, 60% não consideram as discussões políticas algo importante no dia-a-dia. 82% dos jovens ouvidos não confiam nos partidos políticos, no Congresso Nacional (80%), nos governos (69%) ou na Presidência da República (63%).

Para 73%, é em casa, com a família, que são ditas as coisas mais importantes. O estudo mostra também que a característica que mais identifica os jovens atuais é a de ser “preocupados demais com sua imagem” (44%), seguido por “rebeldia” (42%).

Valores como solidariedade, tolerância e generosidade estão em baixa entre os entrevistados e quase um terço deles afirma viver focado unicamente no presente. A tristeza, depressão e ansiedade marcam o grupo. Apenas 25% acha que ser alegre ou feliz caracteriza a juventude.

Amizade desprezada

Outro índice preocupante, que só piorou nos dois anos onde o isolamento e a falta de contato humano foi a tônica, é saber que somente 19% dos jovens se consideravam leais às amizades. É uma geração que ficará marcada pelas medidas de confinamento promovidas por governadores e prefeitos.

A “Pesquisa Juventudes no Brasil” também traçou o perfil da escolaridade dos jovens. Mais da metade cursam o Ensino Médio, e 12,8% o superior ou pós-graduação. É significativa a presença dos que indicam o Ensino Fundamental, mais de um terço da amostra (34,4%).

A pesquisa apontou que 96% dos jovens brasileiros recorrem à internet para fins variados, como o uso de mídias sociais, músicas, vídeos, troca de mensagens e busca de informação. O celular é o equipamento mais usado para a conexão com a internet (94%), seguido de computadores (4%).

O estudo também mostrou que 97% dos jovens dos grupos socioeconômicos mais altos acessam diariamente a rede, enquanto apenas 74% dos que se encontram em situação de pobreza o fazem. Os ouvidos eram 40%brancos, 39% pardos, 17% pretos, 2% amarelos, 1% indígena e 1% não respondeu.

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