Fantasma que nunca foi entregue ou sequer fabricado pela terceira intermediária do negócio. A afirmação não é de qualquer pessoa e sim de quem foi contratado para criar o equipamento do zero, em depoimento na quinta-feira, 25, na CPI da Covid da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte.
Entre os três ouvidos neste dia, um investigado e duas testemunhas, chamou a atenção o relato do engenheiro Antônio Carlos Alvares Fasano, contratado pela Hempcare para desenvolver um respirador para a Biogeoenergy, que o venderia a ela, para repasse ao Consórcio Nordeste.
Fasano (foto) afirma que deveria desenvolver e fornecer tecnologia para o novo ventilador, montar cinco protótipos e treinar uma equipe para a produção. “O valor inicial era de R$ 8 mil. Com as mudanças que tiveram de ser feitas, o custo de produção ficaria em R$ 15 mil”.
No final, o Consórcio Nordeste pagou R$ 150 mil por cada respirador, antecipado, e não recebeu nenhum. Fasano receberia R$ 500 mil, mas depois teve mais um adiantamento de R$ 2 milhões da Biogeoenergy para a compra de novas peças.
“Feito para roubar”
O presidente da CPI, deputado estadual Kelps Lima (Solidariedade), conta que o custo final dos aparelhos adquiridos pelo Consórcio Nordeste seria dez vezes superior ao que foi gasto com a produção. Porém, mesmo assim, “os respiradores não existiam”.
“Sendo desenvolvidos, eles custariam ao povo do Nordeste dez vezes mais do que o seu custo”, afirma. Em um vídeo no Twitter, ele é direto: “esse negócio foi feito para roubar o povo nordestino”. “Em momento nenhum se teve zelo em contratar empresas adequadas ou buscar o melhor preço”.
Apesar de todo o negócio ter sido fechado em nome do Governo da Bahia, com Rui Costa como presidente do Consórcio Nordeste e a negociação a cargo do então chefe da Casa Civil do estado, a Assembleia Legislativa da Bahia, controlada pelo governador, avalizou o escândalo ao se omitir.
Rui Costa na mira
O governador da Bahia, Rui Costa (PT), pode ser indiciado por esta Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que deve entregar seu relatório no dia 16 de dezembro.
Segundo o grupo de deputados baianos que se reuniu com o presidente da CPI, Kelps Lima, o relatório deve pedir o indiciamento de várias pessoas na Bahia, começando pelo ex-chefe da Casa Civil Bruno Dauster, que intermediou o negócio com a empresa Hempcare.
Outro possível indiciado é Rui Costa, que presidia o Consórcio Nordeste e fez a compra através do Governo da Bahia. O presidente da CPI afirma que o envolvimento de Rui e Dauster devia ser investigado pela Alba, mas o governador tem mais de 70% dos deputados sob seu controle.
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