Durante os dois governos de Jaques Wagner e a maior parte dos dois de Rui Costa (PT), Maurício Barbosa. Ele afirma que o secretário atuou para proteger os acusados envolvidos no esquema de fraude com terras no oeste baiano e recebeu pagamento generoso por esse “trabalho”.
O conteúdo consta na denúncia assinada pela procuradora Lindôra Maria Araújo no dia 2 de julho. Segundo o MPF, Barbosa manipulou as apurações das operações Oeste Legal e Immobilis, enquanto usava outra operação, a Fake News, para intimidar adversários do grupo.
A quadrilha, segundo o MPF, era liderada por Adailton Maturino e protegida por Barbosa. O ex-secretário, policial federal de carreira, foi cedido ao governo da Bahia em 2007, na gestão de Wagner, nomeado superintendente de inteligência e depois, em 2011, secretário de Segurança.
Crimes comprovados
Para os promotores, está mais que provado o envolvimento de Maurício Barbosa com os membros da quadrilha que envolveu o Tribunal de Justiça da Bahia, assim como sua atuação na proteção de criminosos do grupo usando a SSP-BA.
“Maurício impedia e atrapalhava a investigação das Operações Oeste Legal e Immobilis com a participação da desembargadora Maria do Socorro”, detalha a procuradora, numa referência à ex-presidente do Tribunal de Justiça da Bahia, Maria do Socorro Barreto Santiago.
Além dela, o ex-presidente da Corte, Gesivaldo Brito, usava Maurício para aproveitar os recursos da SSP-BA e do próprio TJ-BA, usando-os para impedir o avanço de investigações da Operação Faroeste, aberta com jurisdição do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Uma vítima foi o delegado Jorge Figueiredo, exonerado do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (Draco) após questionar a cúpula da SSP-BA sobre a ausência de interesse na operação Oeste Legal, que apurava apropriação indevida de terras.
Vida de milionário
De acordo com o MPF, o ex-secretário, “além de dar sustentação para que os atos de corrupção fossem praticados pela organização criminosa em benefício de terceiros, também auferiu vantagens ilícitas pessoalmente, possuindo patrimônio incompatível com a renda declarada”.
O MPF descobriu que o salário de Barbosa, misteriosamente, foi suficiente para comprar imóveis em Salvador e uma mansão num condomínio de luxo de Costa do Sauípe, duas BMW (uma X6 e uma 320i), seis armas , sendo três Glock 112, entre outros bens.
Titular da SSP-BA por quase uma década, Barbosa é apontado como o controlador de “grampos” ilegais, que a desembargadora Sandra Inês Rusciolelli chamava de “grampologia”. A análise do celular de Barbosa mostrou que ele ainda comandava duas empresas de segurança privada.
Sociedades ilegais
Ele é citado como sócio de uma empresa com o coronel da reserva da PM Humberto Sturaro, “em absoluta desconformidade as normativas militares”, conforme destaca o MPF na denúncia junto ao STJ. Outra parceria era com Cyro Raimundo Freitas Neto .
Superintendência de Gestão Prisional da Secretaria da Administração Penitenciária, Cyro era sócio de Barbosa na CDI Segurança Privada e foi exonerado depois que o parceiro pediu exoneração do cargo, já denunciado pelo MPF. O governador Rui Costa relutava em removê-lo mesmo depois da denúncia.
O Ministério Público Federal destaca uma tentativa de Barbosa de tentar “se proteger de eventual colaboração premiada”. Segundo a denúncia, ele enviou um ofício para a Procuradoria-Geral da República questionando acordos que poderiam implicará-lo.
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