Um empresário de Mucuri, no Extremo Sul baiano, virou réu em um processo de estelionato. A decisão foi tomada pelo juiz substituto Renan Souza Moreira, da Vara Criminal de Mucuri. O magistrado acolheu denúncia do Ministério Público do Estado (MP-BA) que, por sua vez, colheu informações de um inquérito da delegacia do município que indiciou Ulisses Brambini Rivolta de Oliveira e um funcionário.
 

O agora réu Ulisses Brambini – proprietário da empresa Bello Fruit Importação e Exportação  Ltda – é acusado de fraudar um contrato de arrendamento de terra feito em 2014. Segundo o MP-BA, o empresário usou o funcionário, também indiciado na manobra. De início, as partes haviam firmado o aluguel de uma fazenda [Novo Horizonte] de 151,1 hectares para plantio de mamão. O acordo previa o uso por dez anos do imóvel.
 

No primeiro ano o local serviria para criação de gado e nos nove restantes para cultivo de mamão. No entanto, segundo a acusação, quando o contrato seria assinado houve alteração nas tratativas. O pretendente tinha adicionado nas cláusulas a possiblidade de cultivo de citros e excluiu a duração de dez anos de contrato.
 

Para despistar o proprietário da fazenda, Virgínio de Matos Soeiro, um senhor na casa dos 90 anos, o empregado tinha sido orientado a falar em voz baixa quando citaria o real propósito de cultivo e a nova duração do arrendamento. A mudança serviria as intenções do contratante, uma vez que a plantação de cítricos precisaria de mais de dez anos para ser efetiva.

Escalado para levar o negócio adiante, o funcionário, que confessou a trama, declarou que o objetivo dos representantes da Bello Fruit – o pai de Brambini teria participado do negócio, mas faleceu – era fazer a maior extensão possível do contrato, no caso em torno de 30 anos. O prolongamento facilitaria a compra da fazenda. Nos cálculos, o fazendeiro nonagenário não estaria vivo, e a compra da empresa seria feita junto aos herdeiros.

 
Ainda segundo a denúncia, logo que foi firmado o contrato em 2014, a fazenda começou o cultivo de mamão, mas logo após passou ao plantio de citros.
 

A partir daí a propriedade ficou fechada, caso descoberto pelos herdeiros de Virgínio Soeiro só em 2017. O idoso morreu em julho de 2018.

Redação/PlantãoTeixeira