Em 14 de março, a Polícia Federal cumpriu seis mandados de busca e apreensão em escritórios e casas de ex-advogados de Adélio Bispo de Oliveira, que tentou matar o presidente Jair Bolsonaro em setembro de 2018, em Juiz de Fora (MG), durante a campanha eleitoral.
No entanto, a instituição escondeu essa informação, ao contrário do que costuma fazer com todas as operações, amplamente divulgadas em seu site e perfil do Twitter. A informação acabou divulgada na quarta-feira 20 pela Folha de S.Paulo. O inquérito da PF descobriu um pagamento suspeito de R$ 350 mil.
Ele foi feito pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) a uma empresa do advogado Fernando Magalhães. Ele e Zanone Oliveira Junior defenderam Bispo depois do crime, supostamente “de graça”. A ação envolvendo os advogados foi incluída na Operação Habeas Pater.
Ela investigava uma suposta venda de sentenças de um desembargador do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) para beneficiar traficantes ligados ao filho do advogado Magalhães. Os seis mandados da operação escondida pela PF de Lula foram cumpridos por policiais da Diretoria de Inteligência em Minas.
As ordens foram expedidas pelo juiz Bruno Savino, da 3ª Vara Criminal de Juiz de Fora, ainda em 11 de novembro, mas a operação foi deflagrada apenas em março.
“É razoável inferir que o pagamento fracionado de R$ 315 mil tenha constituído auxílio prestado pela referida facção para o custeio dos honorários dos advogados do autor do atentado, lançando mão dos recursos movimentados pelo Setor das Ajudas do PCC”, afirmou o juiz Bruno Savino na decisão.
Esse inquérito sobre o elo entre o PCC e a defesa de Adélio é conduzido pelo delegado Martin Bottaro, um dos principais especialistas na facção criminosa. Até agora, com informações dos celulares dos advogados e o material apreendido nas buscas de 14 de março, a PF confirmou o pagamento fracionado de R$ 350 mil.
Confirmou ainda que ele foi feito pelo Setor de Ajudas do PCC ao escritório que defendeu Adélio; que os advogados de Adélio criaram um grupo no aplicativo de mensagens WeChat chamado “Adélio-PCC”, onde definiam estratégias jurídicas. Uma ligação do advogado com um integrante do PCC faz parte da investigação.
Zanone e seus sócios deixaram a defesa no final de 2019 e alegaram ter recebido apenas R$ 5 mil de “um patrocinador” do qual nunca revelaram o nome. Assim como Zanone, Magalhães afirma que não têm qualquer relação com o PCC. Com Oeste.