A Polícia Civil, sob a liderança do delegado da Pasta de Homicídios, Manoel Andreetta, elucidou em tempo recorde um homicídio tentado e outro consumado, fatos ocorridos no mesmo evento, no dia 24 de fevereiro de 2020, na Rua Sargento Pedro, no Bairro São Lourenço, em Teixeira de Freitas. Trata-se do assassinato que chocou a cidade, cuja vítima foi a idosa, Maria das Graças Catarina Oliveira, a “Maria rezadeira” de 70 anos de idade, e da tentativa de homicídio contra o companheiro da Maria Rezadeira, identificado como João Olávio da Silva, de 71 anos de idade. Na ocasião do crime, a Maria Rezadeira foi encontrada em decúbito dorsal, na varanda de sua casa, apresentando cerca de três lesões provocadas por disparos de arma de fogo, sendo duas na cabeça, na região da face, outra no pescoço.

A vítima sobrevivente foi atingida por um disparo no quadril esquerdo, sendo socorrida pela ambulância do SAMU junto ao HMTF, local onde acabou se recuperando da lesão sofrida. A equipe do plantão realizou o levantamento cadavérico juntamente com as equipes da PM e do DPT local. O caso foi encaminhado para o responsável pela pasta de homicídios, o delegado Manoel Andreetta, o qual após o desenvolvimento das investigações, imprimidas em conjunto com o SI – serviço de inteligência da 8.ª COORPIN, através dos investigadores: Sérgio Adriano e Alexandre Augusto descobriram que a vítima fatal e a vítima sobrevivente prestavam serviços na prática de curandeirismo, rezas e orações junto à comunidade do bairro São Lourenço e dos demais bairros desta região.

As vítimas, assim como a sua família, sobreviviam dos lucros advindos destas atividades, de onde as mesmas haviam adquirido seu patrimônio, incluindo carro, casa própria e vários terrenos situados na antiga Fazenda do Padre Aparecido, na invasão que se estabeleceu nas terras localizadas no final do bairro Tancredo Neves, neste município. Não obstante, as investigações apontaram que entre os netos da vítima fatal “Maria Rezadeira” um deles, de 18 anos, era o que mais ajudava sua avó na prestação destes serviços, sendo certo que o mesmo tinha o costume de sair do bairro São Lourenço, local onde morava, para se deslocar junto aos bairros Tancredo Neves e Cidade de Deus com o objetivo de fazer cobranças e adquirir os mantimentos necessários para o desenvolvimento das atividades.

Além disso, este neto trabalhava ativamente nos terrenos de sua avó, situados na invasão do Padre Aparecido, localizado próximo a estas áreas, territórios onde atuam o grupo de traficantes denominado grupo de “Beto Carroceiro/Conde”, liderados pelos chefes Fábio de Jesus Torres, o “Conde” de 39 anos e pelo interno do CPTF Cleo Maicon de Souza, o “Dão” de 23 anos. Ocorre que o neto de “Maria rezadeira” já esteve envolvido com o tráfico de drogas no bairro São Lourenço, território pertencente ao grupo de traficantes rival, denominado “grupo de Jacó” e já havia informações de que os executores do grupo de “Beto Carroceiro/Conde” vinham “escoltando-o”, com o claro objetivo de matá-lo.

Os seus opositores acreditavam que aquelas “correrias” feitas pelo neto, dentro de seus territórios, nada tinha a ver com as atividades lícitas desenvolvidas por sua avó, mas sim, com a comercialização e o fornecimento de drogas para o grupo de traficantes rival, o denominado “Grupo de Jacó”. De fato, vale frisar que os referidos grupos estão em guerra na disputa pelos pontos de venda e distribuição de drogas naquela localidade, entre “ataques” e “revides” que se arrastam há vários anos, responsáveis pela prática de inúmeros crimes de homicídios, consumados e tentados, um verdadeiro “banho de sangue”, envolvendo a morte precoce de jovens, adolescentes, mulheres, comparsas, rivais e, até mesmo, terceiras pessoas inocentes, como no caso das vítimas em questão.

Segundo apurou nossa equipe de reportagem, as investigações demonstraram que, no dia do crime, acreditando que o neto de “Maria Rezadeira” estivesse na residência da família, os executores do “grupo de Beto Carroceiro/Conde”, a pessoa de Watson Afonso Nunes e seu comparsa Marcos Vinicius Alves dos Santos, o “Pezão”,  chegaram com uma motocicleta de cor escura, não identificada, tendo Watson como piloto e “Pezão” como carona, oportunidade em que “Pezão” entrou na casa que estava com o portão aberto, solicitando os serviços da vítima “Maria Rezadeira”, afirmando que queria “fechar o seu corpo contra o mal”, querendo que a mesma rezasse para ele. Após ter prestado o “serviço” o executor ficou de lhe dar um “agrado” como pagamento, pedindo que a vítima o acompanhasse até o lado de fora da casa, onde pegaria o dinheiro com seu colega que o estava esperando na motocicleta.

Entretanto, durante o trajeto, já no meio da varanda de entrada, “Pezão” se virou de forma repentina e efetuou dois disparos à queima roupa, com uma arma de fogo tipo revólver, que atingiram em cheio o rosto de “Maria Rezadeira”, oportunidade em que, na sequência, apontou sua arma para o companheiro desta, a vítima João Olávio que estava sentado na cadeira da cozinha, efetuando um disparo contra ele, alvejando-o na altura do quadril esquerdo, no momento em que João tentava se esconder atrás da geladeira. No instante seguinte, “Pezão” se voltou novamente para “Maria Rezadeira” que já estava caída no chão, e efetuou um quarto disparo, o “tiro de misericórdia”, terminando de matar a vítima, sem lhe conceder qualquer chance de defesa.

Na sequência, os dois fugiram sem dizer qualquer palavra, em meio às pessoas curiosas que já se faziam presentes por ali. Já a vítima sobrevivente foi socorrida pelo SAMU ao HMTF, local onde consegui se recuperar posteriormente da lesão sofrida. Segundo as investigações, as vítimas foram alvejadas pelos criminosos, somente pelo fato de terem parentesco com o verdadeiro alvo do grupo, o referido neto da vítima fatal, apontado como ex-integrante do grupo de traficantes rival. Segundo Manoel Andreetta, “a ação dos criminosos, por si só, já demonstra o alto grau de periculosidade dos seus agentes, assim como o completo desrespeito pelas instituições democráticas, haja vista que vêm ameaçando, perseguindo suas vítimas, em várias ocasiões, em meio às vias públicas, no seio da comunidade, executando seus desafetos e seus comparsas sem se importar em atingir pessoas inocentes, como no caso em questão”.

“Esses criminosos vêm colocando a vida das pessoas em risco, desafiando a polícia e a justiça, colapsando a Segurança Pública e a ordem institucional, o que vem ensejando uma resposta rápida e dura por parte dos órgãos aplicadores da lei”. De fato, afirmou o Delegado que, “não haverá tolerância por parte das instituições policiais para esse tipo de conduta covarde, vil e repugnante, na qual criminosos sem qualquer escrúpulo ou critério, venham a atingir os familiares inocentes de seus desafetos” e concluiu que “a polícia intensificará ainda mais suas ações visando garantir a ordem pública, a sensação de segurança e a paz social”. O Inquérito Policial foi devidamente concluído, relatado e encaminhado à Justiça com o pedido de prisão preventiva dos envolvidos.

Liberdadenews

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