O apoio público ao petista Lula na campanha eleitoral parece ter dado resultados para Armínio Fraga e seu sócio José Roberto Marinho, do Grupo Globo. Depois de anos tentando no governo de Jarir Bolsonaro, a empresa deles, a Mangaba Cultivo de Coco, conseguiu uma autorização polêmica.

Agora sob nova direção, o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) autorizou a implantação de um resort de luxo que ocupará 20% da Ilha de Boipeba, um paraíso ecológico. Os moradores estão revoltados, em especial pelas condições liberadas pelo órgão.

O Inema autorizou a “supressão de vegetação nativa”, ou seja o desmatamento da mata fechada, além do “manejo da fauna”, que se traduz em retirar os animais de seu habitat natural para construir o resort, num local que fica em uma área preservada de Mata Atlântica pertencente à União. Que agora é petista.

O projeto prevê 69 lotes, 25 casas de alto luxo, duas pousadas de 25 quartos cada, um aeroporto privativo, uma grande estrutura náutica, que também vai afetar a formação de recife na praia, e um campo de golfe, que necessita de uma enorme área desmatada para ser implantado.

Os moradores dizem que o resort vai ocupar uma área equivalente a 1.700 campos de futebol, com a maior parte dela desmatada. Eles lembram que “os danos causados seriam irreparáveis para o ecossistema do local, indo na contramão do turismo ecológico e sustentável”.

Além disso, eles destacam que a comunidade da Ilha de Boipeba “não vai conseguir manter seu sistema de subsistência tradicional”. A briga contra o projeto vem desde 2012 e em 2019 o Ministério Público Federal deu uma declaração que impediu o projeto durante todo o governo Bolsonaro.

Segundo o MPF, “não existe fundamento legal para o Inema realizar o licenciamento ambiental de um empreendimento sem a concordância do proprietário do imóvel em que será instalado, especialmente em se tratando de imóvel da União, insuscetível de usucapião ou desapropriação”. Hoje, a União não se importa.

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